Relato de Agressão Machista na cena punk de Fortaleza – CE

Compartilhamos um relato de agressão machista cometido por João Bruno Veras, macho anarcopunk de Fortaleza. Sabe-se que o agressor compõe espaços anarquistas e punks na cidade, é conhecido em outras articulações e agitações deste campo político a nível nacional, além de ser responsável por outros casos de agressão, violência, ameaças e intimidações compartilhados em redes de apoio e combatividade feministas, queers e transfeministas. Esperamos que este relato impulsione e estimule as companheiras agredidas a compartilharem suas vivências e sirva para criar um cenário de debate coerente, combate e autocrítica na movida anarcopunk, de modo a assumir os recorrentes e abomináveis casos de violência sexista e misógina dentro de okupas, centros culturais e demais espaços construídos nesta perspectiva política. Cada vez são mais fortes os relatos sobre o pífio debate a cerca do patriarcado e teoria queer desdobrando-se em posturas antifeministas, bem como a rasa visão sobre violência de gênero que não permite construir uma prática coerente para a abolição do gênero.

Paga de libertário mas é ANARCOMACHO tem que cortar a pica do macho transtornado.

Carta de denuncia antifascista contra JOÃO BRUNO VERAS, intitulado ANARCO PUNK.

PUNKMACHOAlerta: Machista escroto agride uma mulher covardemente e sai ileso da cena.

O que é ser punk? Ontem, por volta das 02:00 horas, estávamos, eu e mais quatro amigos voltando do nosso role, quando sem mais nem menos aparecem em torno de seis ou mais “anarco punks”. Alguns conhecidos como: Johnny, Adriano e Bruno, esses e os demais não reconhecidos por mim, reivindicavam o espaço deles em um local público, nos fazendo perguntas banais do tipo: Com quem falamos,com quem andamos, o que fazemos,etc… Agindo como uma espécie de escolta policial, eles vieram pra cima de nós com armas brancas e de forma agressiva sem qualquer explicação aceitável. Eles alegavam também “ser do contra” o “Street punks oi!”,que na verdade é denominado um estilo de música que surgiu em meados de 1969, cujo algumas pessoas se uniram nessa mesma época e criaram uma certa “UNIÃO” entre punk’s e Skin Heads, conhecida como União Oi! Perguntamos o porque de todos esses questionamentos e porque existe esse conflito infame toda vez que nós nos cruzávamos nas ruas. Nenhuma resposta era aceitável! Na verdade, a cena local daqui é completamente vaga da presença desses coadjuvantes e infantis machistas que se auto intitulam Anarco Punk’s. Eles dizem que nós somos uma vergonha pra essa tal cena punk que dizem construir aqui em Fortaleza-Ce, mas quando perguntamos para eles onde eles estavam na hora dos atos,  das lutas contra a destruição do patriarcado, contra o machismo e as demais lutas cotidianas, um deles Johnny nos responde com seu ego inflado:

“Esse é meu visual, essa é minha luta e não preciso provar nada pra ninguém.” ???????????????????????????????????????????????????

Diante desses questionamentos, um deles: João Bruno Veras, que mais aparentava que estava ali apenas para causar conflito, quase nos atingiu com uma garrafa de vidro, depois de nos esquivarmos fomos tentar revidar a agressão, mas João Bruno, ME ATINGIU COVARDEMENTE COM UM SOCO NO ROSTO e após isso saiu correndo como um cão covarde foge da luta, o soco foi tão forte que eu caí no chão com o nariz sangrando enquanto os outros amigos do Bruno tentavam agredir os meus amigos que ali estavam no local. Já não basta ter que lutar toda hora contra essa opressão que é o machismo e a sociedade, ainda ser atingida por um macho escroto que não teme em agredir mulheres nas ruas? Vocês não representam nem 1% da luta a favor da desconstrução do machismo, e se agrediu uma agride todas sem pensar duas vezes. Essa atitude não é antifascista! Isso não é exemplo pra juventude. Que tipo de exemplo vocês pretendem passar pra juventude? Esse: Causando conflitos por motivos infames e sem qualquer importância maior, agindo como crianças e batendo em mulheres? Recado: Quem compactua com eles é farinha do mesmo saco! Bruno, você é um covarde, agressor machista escroto merece sofrer. O sangue foi derramado, uma mulher foi agredida, isso ainda não acabou!

Como o silenciamento e a omissão sobre o caso de agressão no Som na Rural vulnerabilizam e fragilizam potências solitárias.

Aprendi com Maria Clara Araújo: “Vou fazer um post”. E este fala sobre como silenciamento e a omissão vulnerabilizam e fragilizam potências solitárias.

regplO que aconteceu: hoje, no Lesbian Bar, o macho transtornado citado nas cartas de Priscila Souza e das suas amigas agredidas apareceu. E no mesmo local estavam também as pessoas agredidas por este. O ke aconteceu mais uma vez: negligenciamento que leva a fuga das agredias.

Hoje, mais uma vez saio cabisbaixa e acuada de um espaço na cidade de Recife.

Mas poderia ser diferente, eu sei que poderia.

Mas parece que o que se espera é uma reação das agredidas: aquelas mais fragilizadas pela situação. Essas mesmas acusadas de serem responsáveis pela evasão em diversos espaços… histéricas, barraqueiras, descontroladas.

Estas evadiram mais uma vez. Evadiram por não se sentirem mais uma vez seguras. Por falta de confiança em si, em primeiro lugar – para que não passemos a outxs a culpa, para que não esqueçamos a ação direta – e nas figuras que compõem a cena. E aqui peço perdão a ao bonde formado naquela noite.
As bixas unidas hão de te ter força.

Mas naquela noite, em ke Socrates Alexandre fazia a portaria, Ana Giselle comandaria a pista de dança, as irmãs Caio e Pethrus chegavam, Igor falava sobre nosso bonde; naquela noite, isso não foi suficiente para assegurar a integridade de pessoas agredidas e expostas naquele ambiente.

Até quando? Até quando teremos de abrir mão das nossas possibilidades de subsistência? Até quando teremos de fugir?
Não pergunte o que teria acontecido se as barraqueiras agredidas tivessem permanecido. Estamos cansadas de acabar com a festa, de causar barraco, de ter as portas fechadas. E por mais que nenhum espaço seja seguro (as pessoas que constroem o espaço é que fazem sua segurança) gostaríamos de continuar contando com possibilidades de existir sem estar em risco, como fazem nossas irmãs nas esquinas das avenidas nas madrugadas.

Nada muda. Agressão, denúncia, silenciamento, omissão e evasão de dissidentes à solidão.

Evadimos sozinhas para a solidão.

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Ítalo Bazon e Roger de Renor denunciados por agressão e violência Machista no #ruralnoforte.

A Arca compartilha uma denúncia enviada por email, sobre agressão e violência machista no evento Som na Rural, ocorrida no último dia 30/08/2015, esta denuncia complementa nossa última postagem também enviada por email.

SOM-NA-RURAL

“É brilhante como o machismo estrutural funciona de forma a proteger agressores… São engrenagens muito bem organizadas e eficazes. “Não vamos expor eles”, “eles precisam de ajuda”, “mas eles foram legais que só naquela vez, lembra?”. Macho transtornado merece escracho. Pela segurança e bem-estar das mulheres. Ponto.” Viq Vic.

O roteiro é o mesmo aqui e em qualquer lugar, quanto mais empoderadas, firmes, combativas e não frágeis as vítimas do machismo se apresentam, mais violências e tentativas de dominação planeja a inconformada supremacia machista. No dia 30 de agosto de 2015, última edição do Som na Rural realizado no Forte das Cinco Pontas, o machismo estrutural ocorreu bem do jeitinho que manda o figurino. Violência, intimidação e ameaça de afeminadas, agressão física às pessoas trans, acolhimento do agressor pelos machos do evento, deslegitimação, hostilidade e como toque final perseguição das trans e novas ameaças do agressor, agora protegido pelos machos organizadores.

Acompanhado de uma amiga, Ítalo Henrique Bazon, macho transtornado (aquele que faz questão de demonstrar em público sua virilidade, exaltação, estupidez e imponência) recentemente denunciado por agressão e violência machista, visivelmente furioso e de mal humor ficou extremamente irritado com uma trans não binária1, no momento em que ela respondeu a hostilidade expressa por ele ao ir cumprimentar sua amiga. Sendo bruto, violento e ameaçador a trans resolveu sair de perto.

Logo depois a trans acompanhada de outra amiga não binária, se deparou com a mulher que acompanhava o macho – nesse momento sozinha – e resolveram ir trocar uma ideia com ela. Ela aparentemente não tinha concordado com as atitudes do macho e depois de iniciada uma conversa, caíram num papo sobre desconstrução, violência machista e relações de poder. É exatamente no momento que se falava sobre a dificuldade de desconstrução frente a atitudes e comportamentos que agregam poder, que o macho nos localiza, vem em nossa direção e inicia ameaças às trans, com voz e mãos levantadas, expressando um ímpeto de agressividade e coação extremamente opressivo. A outra amiga trans, começa a falar pro macho cair fora e “abaixar a bola”, a mulher também tenta contê-lo, mas a truculência machulenta era desmedida, e desta vez, já não mais contido, ele vem com a clara intenção de bater. É neste momento que ele leva um chute na região genital. A confusão foi instalada, e agora o macho muda de foco, deposita toda sua raiva na trans que tentou combatê-lo, com a explicita intenção de bater e mostrar sua pseudo-superioridade. Quando a situação chega no ápice da violência, a mulher, executando técnicas de autodefesa afeminada, consegue de forma exemplar conter o macho e afastá-lo do local que estavam as trans, mas, sem mais apoio, isto não duraria muito, a confusão já fora instalada e todos os olhos já estavam aptos a condenar e hostilizar as trans que comprometeram “o clima de paz” do evento.

O machismo estrutural e naturalizado na cabeça da sociedade é cego em perceber as desconfortáveis, tiranas e violentas situações que mulheres, bichas, travestis e pessoas trans estão condenadas. Então, no momento de reagir, de não aceitar a submissão e autoridade abusiva dos comportamentos masculinos estas pessoas são automaticamente colocadas como ‘personas non gratas’ e estraga prazeres (prazeres, ler-se: abusos e coerção machista naturalizada). É muito engraçado verem as pessoas falarem de paz, sem considerar o cotidiano nada pacífico que a sociedade heterossexista2 submete as questionadoras do machismo. O evento Som na Rural não é um espaço de paz para mulheres, bichas, travestis e trans.

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Mas não acabou, ainda tem o pior. Devido a confusão instaurada, alguns outros machos da organização do evento, incluindo Roger de Renor se aproximaram na intensão de acalmar a confusão. Este é o momento que o macho agressor está cercado de outras pessoas e Roger diz clara e explicitamente estar ao lado do agressor. Sem nenhum pesar se coloca como cúmplice do agressor. A posição de Roger de repúdio a uma das pessoas trans que estava envolvida nesta confusão se constrói numa edição anterior do Som na Rural realizada na época da Ocupação do Estelita, na ocasião, o produtor cultural convidou Ortinho, acusado e escrachado pela opinião pública local por fazer apologia ao estupro e proferir mensagem de violência a mulheres. Na época a ocupação do Estelita contou com um forte debate sobre violências sexistas e com uma intensa combatividade contra machos agressores que estavam na ocupação, foi um período de muito acúmulo sobre pautas e questionamentos feministas e de empoderamento antisexista, e na contramão de toda esta vivência Roger tenta trazer para o Estelita um apologista do estupro. Inconformadas com tal situação, as afeminadas ocupantes do Estelita, pediram voz para problematizar a situação no microfone e quando começaram a falar tiveram o microfone cortado, uma das justificativas saídas pelo pessoal do som: “Ortinho é meu amigo”.

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Fora do palco uma discussão aconteceu e Roger acusou a mesma trans envolvida na situação aqui descrita de querer se promover sugerindo que se inscrevesse no Big Brother. O que acontece de fato é um macho, branco e heterossexual dizendo que a denúncia de cumplicidade machista ocorrida naquele espaço é uma estratégia de exibicionismo, nada mais deplorável, revoltante e anti-feminista. Na realidade um ser que goza de múltiplos privilégios e vive num ambiente onde impera o estrelismo, o alpinismo social, o status pela acumulação de capital cultural e a arrogância poserista, atua estimulando vivências conflitivas e covardes, além de seguir deslegitimando a urgência de setores estigmatizados de problematizar desigualdades políticas no cotidiano.

É a partir das nossas relações e situações diárias que se estrutura os grandes sistemas de poder. Pensar direito à cidade, protagonismo popular e ocupação dos espaços públicos sem considerar as relações impostas pela estrutura capitalista, soa ingênuo, mas também assimilador, escroto e desonesto ao considerar que tais questionamentos agregam pessoas e possibilitam acumulação de poder e visibilidade por parte de quem pensa política desta forma tão superficial, insuficiente e vitrinista.

Desta vez, Roger aproveitou a oportunidade para se aliar ao agressor e estimular a hostilidade às trans com pelo menos outros cinco homens que acompanhavam o agressor, deixando-o em situação de conforto e agora com “justos” motivos para expressar sua violência machista. Roger ainda agiu em cumplicidade ao agressor ao ser visto deslegitimando a trans para outras pessoas invertendo o polo da história e apontando as pessoas trans com algo que o homem branco heterossexual não quer ser associado: violentas, agressivas, as que implodem os espaços, baderneiras e loucas. Devido ao apoio de Roger e a aliança com outros cinco machos o agressor se sentiu confortável e protegido para seguir com seu transtorno: foi caçar às trans.

italoagressaoGraças aos organizadores do evento foi criado um clima de vulnerabilidade e tensão. Ao procurar ficar junto de outras amigas e em espaços com maior concentração de pessoas as trans foram perseguidas pelo macho que invadiu o grupo onde estavam, voltando a ameaçar e intimida-las. Voz alta, mãos levantadas, dedo na cara, agressividade e uso do corpo para empurrar pessoas e declarar um novo confronto, só que agora protegido pela organização do evento e apoiado por outros machos tão escrotos quanto ele. Neste cenário de intensa insegurança as trans decidiram ir embora e os machos unidos mais uma vez ganharam o espaço. Nas redes sociais o agressor, diz ter tido uma discussão conversado com amigos dos envolvidos e resolvido o caso. O que este infeliz chama de discussão, nós chamamos de violência machista, o que ele diz ter sido resolvido para nós resume a nossa expulsão do espaço.

Roger não foi cúmplice a toa, diariamente vemos agressores proferirem violências abaixo de tantos olhos durante tanto tempo. Torna-se explícita a falta de vontade em priorizar e se posicionar sobre as situações que colocam os machos em posição de questionamento e ameaça a seus postos de poder tão bem protegidos pela solidariedade entre MACHOS. Sabemos que não existem cúmplices a toa, não existem cúmplices apenas por inércia, cúmplices existem porque se assemelham com agressor, porque também cometem violências, porque estar ao lado do agressor é uma estratégia de proteção masculina e de deslegitimação de corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória3.

O fato denunciado expressa a imensa ofensiva heterossexista contra a combatividade e declaração de insubmissão por parte das vítimas do machismo. É abominável que um evento e um projeto como Som na Rural, que se apoia em discursos políticos, tenha atitudes explicitamente oportunistas, covardes e canalhas, silenciando críticas contra comportamentos machistas, servindo inescrupulosamente como base de fortalecimento para ameaças e intimidações contra pessoas trans e pior, usando as ideias de democracia e direito à cidade apenas para acumular capital cultural e agregar valor político. Queremos deixar bem claro, para mulheres e dissidentes sexuais que este evento e seus organizadores ESTIMULA A VIOLÊNCIA MACHISTA E ISTO NÃO DEVE SER TOLERADO. Recife passa por um momento de intenso questionamento sobre questões de gênero e sexualidade, articulações e movimentações em perspectiva feminista, transfeminista, sexo-dissidentes e libertárias tem tensionado sobre pontos extremamente naturalizados da violência patriarcal.

Recentemente Lírio Ferreira e Cláudio Assis protagonizaram outro caso desgastante de machismo e misoginia e a problematização contra o show de machulencia dos dois deu a luz uma série de denúncias sobre abusos e assédios contra mulheres. Esta nota também se dá numa tentativa de ascender outras situações de violência e agressão sexista que os machos aqui denunciados estão supostamente envolvidos. Admitindo a pertinência do questionamento contra ambientes/pessoas que estão tão acostumadas a serem bajuladas e não criticadas alegamos que Perversidade é proteger agressores e assim, agredir novamente. Perversidade é saber que esses caras, não importa o que façam, são acobertados pela tal brodagem machulenta e misógina da cena cultural pernambucana.

A misoginia, transfobia e violência machista imperante nos comportamentos que enfrentamos no cotidiano não deve ser relativizada, pelo contrário é importante que não nos calemos e sempre nos apresentemos combativas e dispostas a ação direta quando o assunto é violência machista. É com a máxima O pessoal é político”, que encerramos esta nota tentando estimular discursos críticos, questionamentos e responsabilidade aos fazeres dos agressores aqui citados e com a intensa e sempre ativa capacidade de combater e denunciar atitudes que violentam e silenciam as vítimas estruturais do machismo e da heterossexualidade compulsória.

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1
– Trans não binária são pessoas que transgridem o gênero e/ou a sexualidade e não se identificam necessariamente com nenhum dos gêneros binários instituídos pelo heterocapitalismo, sua ciência, suas corporações e seus Estados. O binário de gênero é a insistência em que homens são masculinos e mulheres são femininas. Isto reduz as opções para que as pessoas ajam fora de seus papeis sociais de gênero sem caírem no esteriótipo das outras. Ademais, homem e mulher não necessariamente traduzem-se como masculino e feminino este significado atende apenas a interesses politicamente contextualizados e opressivos.

2Heterossexismo é a atitude de preconceito, discriminação, negação, estigmatização ou ódio contra toda sexualidade que não seja a heterossexual. Uma sociedade heterossexista é aquela que supõe que naturalmente todas as pessoas são todas heterossexuais ou de que a heterossexualidade e seus valores (monogamia, família nuclear, ativo X passivo) é superior e mais desejável do que as demais possibilidades sexuais.

3 – O termo heterossexualidade compulsória foi criado pela feminista Adrinne Rich em 1980 e refere-se a doutrinação heterossexual que todas as pessoas estão submetidas. Na heterossexualidade compulsória a experiência não-heterossexual é problematizada, patologizada, é considerada algo a ser explicado, buscando um marco para o seu aparecimento. A lesbofobia, homofobia, transfobia, bifobia são algumas das múltiplas expressões violentas que tentam manter compulsoriamente uma normalidade heterossexista.

Denúncia contra Ítalo Henrique Bazon, grafiteiro de Recife acusado de agressão e violência machista

Abaixo compartilhamos um relato postado nas redes sociais e enviado por email contra o grafiteiro Ítalo Henrique Bazon:

Este ser, um grafiteiro conhecido em Recife por Bazon, dono da Most é o projeto de ARTISTA DE RUA FAJUTO, DE HOMEM FAJUTO, VIOLENTO, HOMOFÓBICO, MACHISTA, PRECONCEITUOSO, ANTIPROFISSIONAL, MENTIROSO.

Vários fatos ocorreram ao longo desse meio tempo que infelizmente convivi com este ser dentro da minha casa por ser ex namorado da minha irma. Porém dois últimos fatos foram o estopim pra eu decidi expor pra todo mundo a pessoa e má profissional que ele é.

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RESUMINDO:

O primeiro fato aconteceu no ultimo som na rural 30/08. Numa conversa com a sua ex (minha irmã) ele foi interrompido por um amigo meu e de minha irmã pra eles se cumprimentarem. Ele se sentiu chateado com a situação e fez cara feio também porque esse amigo é uma trans afeminada mesmo e estava com outra bixa empoderada igual a ela. O fato é que rolou essa estranheza por parte do macho violento. Rolou uma pequena discussão entre os dois e minha irmã, até que se separaram. Em outro momento em que ela estava conversando sobre o ocorrido com as duas bixa ele chegou, tocando-as (segundo o que soube pra desculpar). Mas o que aconteceu foi um ato nojento de agressão física. O mesmo, transtornado ameaçou de pega-las depois e que não iam escapar. Minha irmã, tentando contê-lo recebeu ameaças dele também enquanto ele segurava uma de suas mãos escondidas entre seus corpos. Nesse momento apertou muito forte seu dedo e disse que ia quebra-lo, raiva porque ela os defendeu de certa forma. Acreditei nela quando ela me contou toda a história, e foi corroborando também por ver as marcas dessa agressão de certa forma que ela recebeu dele. Pelo que soube, depois que ela foi embora ele ainda foi atrás das trans com outros amigos pra bater. É um absurdo como essas coisas também passam tão impunes aos nossos olhos. Fatos como esses já aconteceram várias vezes no som na rural, um espaço que deveria sim permear indignação e indagação por partes de todos os presentes no evento bem como do dono do próprio evento pra que isso não ocorresse mais. De forma direta e indireta “somos” todos responsáveis por isso, todos os que se fingem de cegos são também coniventes e responsáveis. As medidas referente a isso já estão sendo tomadas. Aguardem.

O outro fato aconteceu há duas semanas atrás e se estendeu até hoje de noite depois que tive o desprazer de ouvir as nojeiras que ele me disse por telefone. Encomendei 5 latas doadas por mim pra ele joga uma arte dele e me cobrar o preço dado. Uma dessas latas tinha um valor sentimental pra mim: guardava-a há 15 anos, era de minha vó e nela ela guardava suas lembranças e segredos de uma vida. Dei valor ao que ele faz profissionalmente sem misturar coisas que já haviam ocorrido antes. Principalmente quando estamos falando de arte. Confiei esse trabalho a ele há exatamente duas semanas porque gosto do que ele faz como artista de rua. Nessas duas semanas muita coisa aconteceu e tive problemas financeiros (quem não tem?) nos quais não tinha como pagar ainda. Avisei a ele sobre isso, contei pra ele aqui no sofá da minha casa. Sim, ele frequentava a minha casa muitas vezes (uma pena) e assim que contei o fato o mesmo deu a solução deu pagar depois quando desse, até porquê o trabalho ainda não estava terminado. Se ele terminasse e eu estivesse sem $ ele guardaria pra mim até eu ter, afinal, ele era meu ex cunhado e continuava frequentando a minha casa, nos encontrávamos em vários lugares públicos, logo não existia a possibilidade nem de longe deu dá um calote nele e se ele propôs isso é porque confiava em mim e eu nele. Nem tudo são flores. Era tudo mentira de sua parte. Calculado desde a ultima vez que ele veio em minha casa no dia do fato ocorrido no som na rural. Pulou o muro do prédio, sem camisa, bêbado, transtornado, querendo entrar em casa, de uma certa forma, à força pra fala com a minha irmã. Ficou aqui enchendo e fazendo confusão até de manhã. Cedo, antes de sai ele tentou grosseiramente se justificar cmg sobre as agressões e outros transtornos comportamentais que fez na noite passada. Depois de troca uma ideia curta com ele, o mesmo reforçou olhando nos meus olhos que nada disso iria afetar o trabalho que encomendei a ele e que o acordo tava de pé pq ele tinha palavra de homem. Mais uma vez tudo mentira. Confirmei isso quando descobri que pela raiva q ele teve por minha irmã defender as gays e por toda confusão, ele vendeu as latas já prontas a um casal de amigos do Rio. Vendeu a arte dele com a matéria prima minha que eu confiei a ele. Tentei contato calmamente com ele nesse meio tempo de uns 5 dias, só me ignorou. Não me deu explicação. Hoje, depois de tentar fala com ele o mesmo me atendeu. Conversa longa e de início quando perguntei sobre ele me ressarci (pq nao valia nem a pena dá um escracho e procurar saber pq ele foi fuleiro) ele disse: “e tu acreditou no que eu te disse sobre o acordo naquele ultimo dia que eu sai da tua casa, ótaria?” E não é pra gente confia numa pessoa não, quando ela dá sua palavra?. Daí pra frente foi um show de horror pelo telefone com ele dizendo coisas do tipo: “meu trabalho é foda as pessoas q vem atrás de mim, que arquem com isso”, “sou pixador, quero quebra tudo, bate em todos”, “não tenho amigos, não confio em ngm e ngm confia em mim, quem mandou confia?” , “o dono da empresa sou eu e pra mim o cliente é em ultimo lugar”, “fiz acordo com vc e também não fiz, vendi porque quis, se fudeu”, “vc não tem como prova o acordo, pra mim, decidi pensar que nada foi feito”, “eu tenho altos trabalhos de outras pessoas encalhados, resolvi vender tudo e o seu foi junto pq não confio em ngm e senti e acho q vc não ia me pagar, menti sobre o acordo”, “depois que vc me deu suas latas elas não lhe pertencem mais”, “otária, to pouco me lixando, pode fala mal de mim que eu quero q a minha fama seja de mal mermo pq eu sou da rua, sou maloqueiro e quero que todo mundo se foda”, “vc e sua irmã , seus amigos tudo ótario , quero que se foda”, “tô nem ai, sou antiprofissional mesmo e gosto de incomodar pra chama atenção de geral sim”. Nesse meio tempo vários risos e gritos e crises de estrelismo pelo telefone. Depois do show, quando ele desligou na minha cara, não deu 1 mim e ele bloqueou o face e sumiu do mapa. Ele sabe que eu vou até o fim com isso e ele foge desde o inicio pq já sabe o fim disso.

Hoje doeu, mas não me esmoreceu. Hoje fiquei com mais vontade e sem medo nenhum de ajuda a desconstruí a imagem de homens como esse. Hoje eu senti uma vontade imensa de expor essa controversa que a gente vê todo dia por ai: entre a arte e quem faz a arte. Pra mim, quem faz arte “boa”, mesmo sendo péssima pessoa, só por ter esse “poder” de fazê-la, paga um preço por isso; O preço de não se opor as injustiças sociais, a estas mazelas sociais que culmina numa exacerbada reprodução de comportamentos desconexos com um ser que deve por obrigação reproduzir discursos e atitudes que corroborem por respeito, direitos, espaços iguais… Não é a primeira vez que aqui em Recife artistas e arteiros em suas diversas magnitudes são escoltados por uma legião de outros seres que se opõem, escondem, camuflam esses comportamentos/pesamentos retrógrados e escrotos. E isso acontece na cena do rap, do hip hop, do coco, do samba, do brega, do rock, do cinema, do teatro, da dança… E não é fácil tenta expor e desconstruir isso em um espaço onde a maioria fecha os olhos pra isso e prefere taxa-la como louca ou mentirosa. Enfim, são infinidade de espaços que deveriam conter pessoas que lutassem e explanassem e que de fato fossem suas ideias que por conseguinte deveriam ser justas e coerentes pra um espaço de igualdade independente de gênero ou de qualquer outra coisa que as pessoas gostam de usar pra segregar mesmo. Tá cheio de homem como esse ai que se esconde em sua própria arte pra agir violentamente, transtornadamente, escrotamente, e saindo pela tangente sorrateiramente, dando xau e dizendo que esse é o preço que a sociedade tem pagar por ter um “artista” que faz arte só como ele faz. E tem mais uma leva de gente sebosa que sustenta as ideias tortas destes seres repugnantes “pela arte”. Se depender de mim, todos esses macholento, sendo quem for não vai ter mais espaço, meus olhos nem pra sua arte e nem pro resto de sua cagada de vida.

Um beijo pra quem entendeu e um beijo “pas travesti” !!!

Nota de Repúdio sobre a violência na Marcha das Vadias Recife

A ARCA enquanto articulação combativa de perspectiva feminista repudia as inúmeras violências cometidas pelo Estado e por alguns trabalhadores ambulantes contra todas as mulheres e dissidentes sexuais na última edição da Marcha das Vadias. Acreditamos que o acontecido evidencia claramente a localização política das organizações e individualidades violentadores bem como seu comprometimento e cumplicidade com o regime sexista e machista que impera na sociedade. Segue a NOTA DE REPÚDIO divulgada pela organização da Marcha das Vadias Recife:

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O Coletivo Marcha das Vadias Recife é um movimento autônomo e apartidário que, articulado com outros coletivos e organizações feministas, há cinco anos, coloca a Marcha das Vadias nas ruas.

A cada ano, com muito suor e dedicação, nos empenhamos para que o evento aconteça como uma importante representação de resistência ao machismo, um grito contra toda forma de violência que vitima mulheres cotidianamente. Buscamos contribuir para a auto-organização coletiva, descobertas e fortalecimento pessoal e político daquelas que sempre são colocadas num lugar de subjugação pelo sistema patriarcal: mulheres negras e brancas, cis e trans, lésbicas e bissexuais.

Lutamos contra o poder do patriarcado que impõe como seu território nossos corpos e escolhas. A Marcha das Vadias Recife é, portanto, onde criticamente entoamos em coro a autonomia dos nossos corpos, a tomada das nossas vidas pelos direitos que nos cabem e pelos desejos que nos movem.

O fortalecimento coletivo e individual das mulheres para a destruição das práticas machistas provoca, inevitavelmente, a reação dos opressores. Tanto pode levar ao abrandamento gradual e inexistência das opressões, assim como pode inflamar a fúria violenta daqueles que sentem seus privilégios – de macho – ameaçados. Uma rápida análise do contexto político indica uma resposta cada vez mais incisiva do conservadorismo. Forças não serão poupadas na tentativa de reinstaurar o nosso silêncio.

Nesse sentido, a Marcha sempre foi alvo de variadas formas de agressão e tentativas de controle, especialmente contra as mulheres trans. No entanto, esse ano o embate foi ainda mais direto, colocando nossa integridade em alto risco desde a concentração até o desfecho da caminhada. É importante tirarmos uma lição positiva destes episódios, que também servem para ilustrar a violência sofrida diariamente por nós, mulheres. É também mais uma oportunidade de constatar como o enfrentamento traz consigo sentimentos explosivos que movem mais impulsos de resistência. É possível perceber essa questão, por exemplo, a partir da maior participação de mulheres trans, e das muitas jovens que fizeram do momento, o seu contato inicial com uma irmandade de luta e apoio.

Assim, a máxima “quando estamos juntas nossa força é maior” agora carrega ainda mais significados. Vemos que as provocações trazidas por nossa simples existência na rua levam à instabilidade do conservadorismo opressor e, principalmente, determinam o crescimento do nosso empoderamento. Existimos e resistimos. Esse ano mais uma vez, transformamos nossa dor e medo em enfrentamento e resistência.

Ao passo em que fomos nos reunindo na praça do Derby, as garras da tirania machista foram se mostrando. No primeiro momento de agressão, uma companheira trans foi impedida de ir ao banheiro feminino por um funcionário da EMLURB. . Muitas de nós questionamos a atitude, no entanto, o funcionário se negou ao diálogo, fechou os dois banheiros e foi embora. Impedindo, inclusive, que mulheres grávidas e crianças tivessem acesso a um serviço que é público.

Quando nos movemos para a denúncia junto aos policiais que patrulhavam a área, o “diálogo” foi encerrado abusivamente com argumentos desrespeitosos aos direitos das mulheres trans, ignorando a legitimidade do seu nome social – o que configura um caso típico de transfobia. A violência sofrida pela nossa companheira só aumentou a nossa indignação e o desejo de tomar as ruas, para reafirmarmos que ali também é nosso lugar.

Havia, entre nós, fortes sentimentos de resistência que confluíam num movimento, tendo o apoio mutuo como força motriz. A força das mulheres nessa Marcha residia num sentimento de empoderamento latente entre nós. Era possível sentir, em cada uma, que por mais que a dor da outra não seja a minha dor, nós nos acolheremos umas as outras, transformando o sentimento de cada uma, em vivência coletiva de enfrentamento, acolhimento e sororidade.

A trilha de agressões teve continuidade enquanto marchávamos. As piadas, os deboches, os xingamentos mais odiosos e humilhantes, nada diferente dos outros anos e de todos os dias. No entanto, se instaurou definitivamente a violência quando um trabalhador informal da Avenida Conde da Boa Vista se sentiu no direito de invadir espaços e corpos. Em postura de deboche às mulheres, exibiu seu peito e barriga, lançando piadas sem escrúpulos e avançou sobre o corpo de uma companheira. Mais uma vez, a indignação nos moveu a defendê-la e a nos colocarmos frente a frente com o agressor inferindo palavras que denunciavam seu comportamento abusivo e machista. Nessa momento, o agressor acuado recebeu apoio de um grupo de homens.

Resguardados em seu machismo fizeram uso de pedaços de madeira para nos espantar e em movimentos intencionais acertaram várias outras companheiras. Um deles fugiu acuado e entrou no Shopping da Boa Vista.
Lançando frases como “esse área é minha”, “vão para trás”, “vão embora, suas putas, loucas”, deixaram claro seu ódio por nós, numa tentativa de determinar que a sua posição de poder não seriam escrachadas. A rua era deles, afirmavam, não só com as palavras, mas, principalmente, com o uso da força física. Não arredamos o pé, como não mais o faremos: nossos corpos são sagrados e ocuparemos todos os lugares.

Entre gritos e xingamentos, esse grupo de agressores munidos de paus, garrafas, canos, voltou de forma organizada e intencional para terminar o que haviam começado. A vontade deles era clara: com a desculpa de que haviam sido constrangidos por “homens e pelas bichas” e que “não batiam em mulher” tentaram afirmar que o problema não era com as mulheres e que voltaram para acertar as contas. Algumas de nós assumiram uma postura dialógica sob o desejo de evitar que a situação saísse mais ainda do controle e entrasse num campo ainda mais violento, impondo a todxs o desespero e o risco de morte. Mas a situação já havia saído do controle, pois eles, ao mesmo tempo em que diziam não querer “brigar”, inflamavam os ânimos, rebatendo os apontamentos machistas que gritávamos, nos chamando para a luta corporal. Nesse momento não houve mais como driblar o inevitável. Com o orgulho de machos feridos, eles voltaram para nos humilhar, nos reduzir a nada, e com desculpas falsas estavam sim dispostos ao pior e não sairiam de lá até nos “colocar no devido lugar”.

Muitas de nós estávamos exaustas e perplexas diante do que estava posto.Tentamos resistir e fomos brutalmente violentadas. Mulheres e homens foram agredidos de forma covarde. Vimos sangue, gritos, desespero e toda a sorte de emoções que se vivencia num momento de ataques e agressões.

Diante de tudo isso, afirmamos que nenhuma violência de gênero praticada contra nós ou nossas companheiras será aceita e que não nos silenciaremos diante do ocorrido. Tomaremos as devidas providências, tanto no que diz respeito a nossa defesa pessoal e mútua cotidiana, quanto ao que cabe a outras organizações sociais, no sentido de fazer cumprir o dever destas de zelar pelas suas responsabilidades em relação a nossa causa.

Nesse sentido, acreditamos que o SINTRACI (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal) deve se responsabilizar pelo ocorrido, uma vez que entre os envolvidos haviam pessoas sindicalizadas. Com isso, não queremos dizer que acolheremos resoluções sociais baseada em instrumentos criminalizantes. Não temos como objetivo criminalizar a articulação de ambulantes ou do SINTRACI, mas sim, a partir do ocorrido, abrir um diálogo para que, de movimento para movimento, e destes para a sociedade, a discussão de gênero, que é sempre insuficiente dentro de organizações e movimentos sociais, seja trabalhada com o devido reconhecimento e responsabilidade.

Assim, deixamos claro que entendemos enquanto opressão toda forma de violência estrutural e sistêmica consequente da forma de organização desigual em sociedade. Acreditamos na transversalidade da luta feminista com o anticapitalismo e o combate ao racismo, firmamos como essencial a construção de diálogo entre os movimentos sociais. É neste sentido que nós, do Coletivo Marcha das Vadias, reivindicamos que o SINTRACI reconheça a gravidade dos atos de violências ocorridos no último dia 30 durante a Marcha das Vadias e responsabilize os envolvidos pela ação de violência de gênero direta que resultou na brutalidade física imposta sobre nós.

Apontamos a urgência da inserção de debates sobre as questões de gênero e violência dentro das atividades do Sindicato, entendendo que, enquanto movimentos sociais, somos parceirxs na luta por uma cidade inclusiva para todas e todos.

Dessa maneira, também não toleraremos os momentos de violência transfóbica inicialmente relatados. Não iremos aceitar qualquer ação que negue xs transexuais enquanto sujeitxs de construção da sua identidade e subjetividade. Repudiamos o ocorrido no banheiro feminino, reiteramos e exigimos que a EMLURB e a Polícia Militar se posicionem publicamente sobre o ocorrido e promova capacitação dxs funcionárixs para que situações como a ocorrida no último dia 30 não voltem a acontecer.

Pela importância dos movimentos feministas na defesa da autonomia dos corpos das mulheres e em repúdio a todas as formas de opressão e violência, nós continuaremos em marcha.

Pela importância da organização coletiva e autonomia das mulheres nos processos de decisão, nós continuaremos em marcha.

Pela importância de ocuparmos as ruas, nós continuaremos em marcha!

Pela importância de nos mantermos unidas e fortes, nós continuaremos em marcha!

Quem não pode com as mulheres, não assanha o formigueiro!

#MarchaDasVadiasRecife2015
#JuntasSomosFortes
#MVR

Denúncia de agressão física, psicológica e material do militante anarquista Vinícius Mojica (AVISO DE ACIONADOR: Descrição das violências sofridas)

tumblr_inline_nolzprsJCM1tnr3jo_400Vinícius Mojica Agressor Machista protagonizou atos de violência por três anos em uma relação heteroafetiva com uma companheira militante anarcofeminista. As violências começaram com a quebra de objetos por parte de Vinícius Mojica durante discussões entre o casal, prática que se tornou recorrente durante toda a relação. Vinícius Mojica cumpria o ciclo da agressão ao intercalar atos de raiva seguidos de arrependimento, do qual sua companheira foi refém durante toda a relação. Usava as expressões: “vou mudar”, “serei melhor”, “preciso da sua ajuda pra ser melhor”.

Como todo anarcomacho restringia sua prática de apoio mútuo às atividades públicas. Recusando reconhecer que o pessoal é político, Vinícius Mojica explorava sua companheira ao negligenciar as tarefas domésticas no período em que moraram juntxs. Vinícius Mojica produzia violência psicológica ao inverter a posição de vítima/agressor acusando sua companheira de privá-lo de seus horários e de sua rotina e de estimular nele comportamentos agressivos, o que configura culpabilização da vítima pela violência sofrida. Sua companheira foi desse modo sendo levada a acreditar que era responsável pelas agressões que sofria.

Vinícius Mojica foi gradualmente expandindo a escala de violências materiais: de copos, garrafas, pratos e mesa passou a quebrar janela, vidro da janela, vitrola, HD externo com quatro anos de dados de trabalho de sua companheira, tela de um computador, geladeira, fogão, liquidificador, espremedor de laranja, televisão, celular e vasos de plantas.  Quando era colocado para fora de casa quebrava a porta para entrar, violência que se repetiu diversas vezes.

Vinícius Mojica introduziu o registro do medo em sua companheira conscientemente através de ameaças constantes: ameaçou rasgar documentos de trabalho e ameaçou com um martelo quebrar o computador de sua companheira. Vinícius Mojica jogou álcool no quarto com uma amiga de sua companheira dentro e ameaçou queimar a casa.

Vinícius Mojica agrediu fisicamente sua companheira em repetidas situações: imobilizou e torceu seu punho por mais de uma vez, gerando a necessidade de acompanhamento médico e medicamentoso; derrubou sua companheira e a chutou quando ela estava caída no chão.

A lesão que Vinícius Mojica provocou no punho de sua companheira, mais de uma vez, a afastou de suas atividades profissionais por mais de cinco meses uma vez que ela trabalha com práticas desportivas, necessitando do corpo, principalmente do punho. Vinicius Mojica quis incapacitar sua companheira de exercer sua profissão. Esse dano exige hoje que ela faça fisioterapia para recuperar as funções do punho e voltar ao trabalho, ocasionando até o momento um gasto de mais de R$ 1.500,00 para a vítima.

Vinícius Mojica humilhou, ofendeu e desqualificou sua companheira pessoal-profissional-politicamente.

Diante da possibilidade de ser denunciado, Vinícius Mojica disse claramente: “SE EU SEREI ESCRACHADO PELO MENOS VOU FAZER BEM FEITO”. Nesse momento derrubou sua companheira na cama, subiu em cima dela e a espancou com socos na cabeça, dizendo que seu lugar era embaixo dele e que estava feliz em vê-la ali. Vinicius Mojica estrangulou sua companheira até que ela ficasse sem ar; arrastou sua companheira no chão puxando-a pela perna. Vinícius Mojica demonstrou que tinha absoluta consciência do que estava fazendo.

Depois da última agressão, Vinícius Mojica fugiu para Belo Horizonte, dando continuidade as suas atividades políticas silenciando as violências praticadas no Rio de Janeiro. Sua então ex companheira receia retaliações após a publicização desta carta de denúncia.

Vinícius Mojica é um agressor machista misógino que ameaça e espanca mulheres e não tem o direito de circular nos espaços de luta política que tem como princípio a autonomia e a autodeterminação das mulheres.

Agressores Machistas não passarão e não serão tolerados nos espaços de luta política! A solidariedade masculinista não será tolerada! Coletivos omissos corroboram a agressão!

Coletivas que assinam a Denúncia:

Coletiva Feminista Maria Bonita/RJ
BeijATO
Cinequeer
Pagufunk
Transrevolução/RJ
Coletivo de Auto-Defesa Feminista
Coletive Q?

Rio de Janeiro, abril de 2015.

Porque morder uma orelha de um policial pode ser uma atitude de autodefesa

Verônica Bolina
Verônica Bolina

Como o braço armado do heterocapitalismo trata corpos trans?

Como a mídia corporativa comprometida com a informação enquanto produto retrata corpos trans?

Como a sociedade transfóbica e misógina vê uma violência aos corpos trans?

Convencer as pessoas que um corpo trans é responsável pela violência que sofre é a estratégia mais básica de qualquer exercício de dominação e controle patriarcal. Agressão a uma idosa, a masturbação enquanto estava detida e o ataque a um agente policial são “infrações” que justificariam toda violência. Justificariam a tortura, os abusos e o autoritarismo que Verônica sofreu por parte da instituição “pacificadora”, ou melhor, exterminadora de minorias sociais, a polícia.

Consideramos que um ato de agressão contra uma idosa pode sim configurar machismo e um perfeito exercício de tirania e covardia, e por isso Verônica supostamente pode ter reproduzido uma atitude de superioridade e violência de cunho machista contra Dona Laura. Mas, a partir daí, mesmo que ela a tenha agredido justificaria a violência pela qual ela fora submetida pela polícia? Alexandre Nardoni, Guilherme de Pádua, o goleiro Bruno e os irmãos Cravinhos que cometeram crimes hediondos que chocaram a sociedade e apresentaram nível de brutalidade, frieza e ardilosidade repugnantes, por acaso, foram violentados de alguma maneira? Foram linchados e torturados por serem criminosos? Não, não foram.

Agressão policial
Agressão policial contra Verônica

No Brasil, pensar na grande probabilidade de ocorrência de violência transfóbica quando se analisa qualquer caso de denúncia de agressão praticada por pessoas trans não é vitimismo, não é inferir demais, é uma questão de lógica. Em 2014 50% dos assassinatos de pessoas trans de todo o planeta foram cometidos no Brasil. E São Paulo foi o estado com mais assassinatos, em termos absolutos, de pessoas trans em 2014. (Relátorio 2014 – Grupo Gay da Bahia) A violência contra pessoas trans é tida como normal e banal, é a piada pronta em canais de mídia corporativa. Sendo assim, existe um questionamento que deve ser colocado: será que Verônica, não tentou defender-se da transfobia praticada pela polícia

Condenamos e repudiamos os possíveis atos praticados por Verônica bem como suas imagens com um rosto desfigurado, calças rasgadas justamente na parte traseira, cabelos raspados e os seios a mostra. Da mesma forma que nenhum tipo de transfobia justificaria qualquer agressão desigual à Dona Laura, nos soa extremamente hipócrita e demagogo a solidariedade oportunista com a idosa sem reconhecer a violência que Verônica sofreu apenas por não está alinhada as convenções patriarcais de sexo/gênero.

Humilhada, violentada e completamente destituída da sua dignidade. Sem cabelos, sem roupas, sem proteção, o caso Verônica Bolina explicita que a polícia, enquanto instituição, declarou uma guerra brutal contra nossos corpos e contra a existência de pessoas trans.

Por entender a polícia como uma sofisticada máquina produtora de repressão e propaganda de valores patriarcais e opressivos, nos posicionamos contra ela. Não somos convencidas e nem damos credibilidade aos discursos e versões oficiais de uma instituição que se consolida a custa do sangue de pessoas negras, indígenas e pobres. Não respeitamos uma instituição que se fortalece a partir da misoginia e agride cotidianamente milhares de mulheres, homossexuais e pessoas trans. Repudiamos todos os veículos jornalísticos que insistem em tratar Verônica como traveco e homem, expondo seu nome civil, adjetivando-a no masculino, transformado-a em uma agressora desequilibrada, em uma coisa, em um nada. A mídia corporativa não se utiliza da sua função informativa e crítica para denunciar o Estado e responsabilizá-lo pelo que ocorreu, pelo contrário, enaltece o senso comum e, dessa forma forma, colabora com a naturalização e perpetuação da violência contra pessoas trans.

https://www.youtube.com/watch?v=qaoKy1Pqn-0

Para quem se chocou com a orelha mordida do policial, o que vocês fariam no lugar de Verônica? Acreditamos que isto foi um ato de resistência!

Neste momento de profunda dor e extrema revolta, desafiamos homossexuais, mulheres e pessoas trans que compõem a polícia a se posicionarem contra tamanha violência, questionando os desmandos destas instituições e pondo em cheque os privilégios e a autoridade que recebem ao se venderem para ser braço armado e exterminador do Estado. Desafiamos o Estado Democrático de Direito a fazer valer a justiça patriarcal aos responsáveis e cúmplices das torturas cometidas contra Verônica. Lembramos que no Brasil as denúncias de violência contra a população sexo dissidente aumentaram cerca de 460%, totalizando mais de 6,5 mil casos de espancamentos e assassinatos, fazendo do Brasil o país mais perigoso para pessoas trans do mundo.

Por fim fazemos uma defesa da autodefesa praticados por mulheres cis e trans. É urgente que nos organizemos e aprendamos a proteger a nós e as nossas irmãs. Desejamos que a violência afeminada seja nossa força e fonte de resistência, que não seja recriminada, como se a nossa autodefesa fosse um exagero, uma loucura ou incetivadora de outras violências. Essa é a forma que encontramos para sobreviver diante da guerra declarada.

Nos armar, empoderar, resistir e cuidar das nossas irmãs é a mensagem da ARCA.

TODO REPÚDIO À TODA FORMA DE TRANSFOBIA E MISOGINIA

SOLIDARIEDADE À VERÔNICA BOLINA E TODAS TRANSEXUAIS VÍTIMAS DOS DESMANDOS DO PATRIARCADO.

PELA DESTRUIÇÃO DA POLÍCIA E DO ESTADO.

ARCA – Articulação Combativa Antisexista

 

Verônica Bolina

Jovem mapuche transexual foi brutalmente agredida no Chile

Difícil realidade para dissidentes sexuais na América Latina, após a trágica agressão de Verônica Bolina no Brasil, infelizmente divulgamos a notícia de agressão de Cláudia, transexual da etnia indígena Mapuche que trabalha como prostituta nas ruas de Temuco, Chile

Segue a denúncia do MOVILH:

O Movimento de Integração e Libertação Homossexual (MOVILH) denúncia uma violenta agressão que uma mapuche trans teria sofrido contra sua identidade de gênero

Desde 13 de abril a jovem transexual Claudia Camila Nahuelhual Cayuqueo (34), se encontra internada no hospital Hernán Henríquez Aravena em Temuco, após ser brutalmente agredida quando exercia o comércio sexual próximo a esquina da rua Prat com Varas.

Segundo o relato da vítima, um sujeito, em razão da sua identidade de gênero, agrediu-a segurando sua cabeça contra o cimento do chão, deixando seu rosto completamente desfigurado.

A Rede Assistencial Antumawida está acompanhando à vítima desde que aconteceu o fato, explicou ao Movilh que a jovem deveria ter todo seu cabelo raspado para ser submetida a diversas operações, pois como resultado do ataque “sua mandíbula ficou fraturada e deverão ser postos pinos na sua cara”.

O caso já está sob conhecimento do Governo, que deliberou Mário Gonzalez, do Ministério do Interior para visita à vítima no último domingo.

Claudia que foi inicialmente hospitalizada como homem, teve, felizmente, este descuidado corrigido garantindo o respeito à sua identidade de gênero, conforme exige a Lei Zamudio e os artigos 34 e 21 do Ministério da Saúde chileno.

Fonte: Soy Chile

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Machismo Mata: Neto Tavares, dopping e estupro.

Machismo Mata
Machismo Mata

Os presentes casos que serão apresentados não são histórias de ficção, são trágicas narrativas que se repetem incessantemente na vida de milhares de mulheres por todo o mundo, todos os dias. Tratam-se de relatos sobre violência sexual, objetificação, perseguição, manipulação, assédio e propagação de inverdades sobre a vida das mulheres, que aqui são apresentados em caráter de denúncia.

JOSÉ CORREIA TAVARES NETO: este é o nome de mais um “rapaz de família”, homem jovem, branco, cis, heterossexual, classe média alta, bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Chegando em Recife, oriundo de Caruaru, NETO TAVARES (como é conhecido) começou a se aproximar de diversos movimentos e organizações de esquerda, apresentando uma postura supostamente aberta às pautas sociais, tais como a desigualdade social, o combate à lgbtfobia, ao racismo, chegando até a se apresentar como pró-feminista em diversos espaços – em que pese a visível diferença entre o seu discurso e a sua prática, haja vista que Neto jamais chegou a se organizar em qualquer coletivo ou movimento.

Ainda assim, entre muitos e muitas militantes – sobretudo entre as mulheres –, Neto era um rapaz considerado como um amigo e/ou companheiro, uma pessoa em quem aparentemente se podia confiar. Ocorre que por trás dessa aparente postura “militante”, escondia-se um homem que, no auge do usufruto de seu privilégio social, manipulava, mentia, assediava e estuprava mulheres, utilizando-se de métodos absolutamente covardes para conseguir seus objetivos, e ameaçando suas vítimas. Aqui constam pelo menos quatro de uma infinidade de relatos que se seguem e que, a cada dia, só aumentam.

O primeiro deles conta a história de uma mulher que, além de sofrer assédio moral e psicológico durante uma relação doentia, controladora e abusiva produzida pelo agressor, foi constantemente humilhada, traída e violada, sendo, inclusive, drogada com LSD enquanto dormia para que ele a violentasse. Durante o namoro com esta mulher, o agressor não apenas a violou de diversas formas, como se relacionou com outras mulheres e constantemente assediava suas amigas mais próximas.

Já o segundo caso diz respeito à narrativa de uma mulher que foi dopada em um bar pelo agressor, e que após ingerir uma bebida oferecida por ele, perdeu completamente o controle de seu corpo e de sua consciência. No dia seguinte, ela acordou despida na cama do agressor, cuja frieza e a completa falta de respeito à condição de sujeito dela são absolutamente revoltantes, sobretudo pela postura dissimulada e cínica adotada pelo denunciado.

A sociedade em geral, e as mulheres em específico, são constantemente induzidas a pensar que o perfil do estuprador é de um desconhecido que estará à espreita, numa rua escura, pronto para fazer da oportunidade uma chance concreta de violência sexual. No entanto, dados recentes apontam que 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima, indicando que, na contramão do senso comum, os agressores, em geral, fazem parte do ciclo social da vítima.

O terceiro relato parte de uma companheira lésbica que, mesmo tendo uma relação de amizade com o agressor, foi assediada diversas vezes, culminando numa situação de violência sexual. Nesse momento observa-se que Neto Tavares abusou da confiança nele depositada para praticar o estupro enquanto a vítima dormia. Ao acordar, ela se deparou com sua roupa aberta e o toque do agressor dentro da sua calcinha, enquanto o mesmo se masturbava. Sendo questionado sobre o que estava fazendo, o autor não se constrangeu com a situação afirmando que a vítima deveria gostar do que estava acontecendo, ou seja, reafirmando o ato.

Resta evidente que, imbuído de seus privilégios sociais e em pleno exercício de uma cultura de estupro cotidianamente reforçada pelas estruturais sociais patriarcais, Neto Tavares desrespeita a autonomia, a autodeterminação, a liberdade e a dignidade humana das mulheres. Ele apenas as enxerga e utiliza como objetos de livre acesso disponíveis ao seu prazer individual, ignorando e desconsiderando a livre orientação sexual feminina, na medida em que fetichiza a lesbianidade a serviço de sua própria heterossexualidade. Como se já não bastasse o reforço e exercício à cultura de estupro, José Correia Tavares Neto, que já assediava a vítima deste terceiro relato, camuflando suas investidas de “brincadeiras” há bastante tempo, compactua e pratica a ideia de que a lesbianidade existe em função do fetiche e prazer hetero-masculinos.

O quarto relato dispõe sobre a narrativa de uma companheira que, após interromper um relacionamento breve com o agressor por ter passado por diversas situações de desrespeito e humilhação, foi ostensivamente assediada por este para que os dois ficassem novamente. Após a negativa, o autor propagou diversas inverdades difamatórias a respeito dela, afirmando que havia transado com a vítima naquela noite. A dificuldade em aceitar um “não” que o autor possui fica muito evidente nesta situação, observando o contexto de seus atos, sobretudo quando se constata que diversas pessoas estavam presentes na situação e viram que nada aconteceu, além do assédio ostensivo de um homem sobre uma mulher que o rejeitava continuamente. Para todos e todas ali presentes, estava claro que quanto mais negativas ele recebia, mais a assediava, na tentativa de afirmar sua masculinidade, desconsiderando completamente a autonomia de vontade daquela mulher.

Estes quatro relatos foram trazidos à luz para expor as diversas formas de atuação que o agressor utiliza para conseguir aquilo que quer: vantagens sexuais mediante métodos violentos, indignos e cruéis. Aproveitando-se da condição de “amigo” e da boa relação nos meios sociais das vítimas, Neto circulou livremente e continuou praticando uma série de agressões de caráter eminentemente machista. Ainda que cada uma dessas histórias possua características próprias, é importante destacar que todas elas revelam uma raiz comum, que está imbricada no privilégio social estruturalmente concedido a homens como Neto Tavares, para agirem como se possuíssem um manifesto direito “natural” de livre acesso aos corpos das mulheres, independente da vontade destas. Ignorando deliberadamente a humanidade delas e subtraindo sua subjetividade, tratando-as como “coisas” – em outros termos, coisificando mulheres em objetos sexuais disponíveis ao seu bel prazer.

Igualmente, cabe destacar que, como toda denúncia feita por mulheres contra a violência de gênero, não faltam defensores do status quo machista prontos para abafar a verdade rasgante que aqui pretendemos gritar. Há quem queira nos calar dizendo que “elas quiseram”, ou que “estão mentindo” ou que “mereciam”, ou, ainda, que se fosse verdade estas teriam procurado a polícia de imediato. Estes insensíveis, que exercem uma fraternidade exclusivamente masculina, tendem estar a postos para automaticamente desacreditar as vítimas e abafar suas vozes, exigindo denúncia como requisito da verdade. O maior problema desse processo é que ele desconsidera o trauma da vítima como se o silêncio enquanto reflexo do peso da vergonha, da condenação moral social, da tortura que é a exposição de situações tão íntimas, fosse apenas um mero detalhe a ser ignorado.

Àqueles que acham que a vida é uma equação matemática, e que engrossam as fileiras amordaçantes do machismo, que estão prontos para culpabilizarem as vítimas por motivos absolutamente irrelevantes à violência cometida contra elas, ou para lhes oferecerem o pior de si mesmos, ameaçando-as, assediando-as e difamando-as – como vem ocorrendo – oferecemos o nosso grito conjunto: NÃO PASSARÃO!

Como Neto Tavares e seus amigos, que agem enquanto cúmplices, existem muitos outros, infelizmente, mas é por isto que avisamos que não nos deixaremos intimidar! É justamente contra o que vocês são e representam que nós, mulheres, nos organizamos e lutamos. Estamos juntas, somos fortes, e jamais nos calaremos frente às situações de opressão.

Mulheres, protejam suas irmãs, denunciem à sociedade, compartilhem estas informações. O silêncio e a omissão contribuem para a invisibilização da violência e para a continuidade e perpetuação deste ciclo de agressões. Quem se cala não necessariamente consente, mas indiretamente fortalece o opressor. GRITEMOS!

Articulação Combativa Antissexista – ARCA (PE)
Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB (BR)
Colativa (PE)
Coletiva Bruaca (BA)
Coletivo Ana Montenegro (PE)
Coletivo “Nova História”. (PE)
Coletivo Feminista Dandara (SP)
Coletivo Feminista Diadorim (PE)
Coletivo Feminista Marli Soares (PE)
Coletivo Gaiola (BA)
DACINE (PE)
DHUZATI – Coletiva Vegana de Comida Artesanal (PE)
Fórum de Mulheres de Pernambuco
Frente Feminista da UFBA (BA)
Feminismo Agora!
Flores Crew (PE)
Flores do Brasil (BR)
Grupo Curumim (PE)
Grupo Maria Quitéria (PB)
Juntas! (PE)
Frente de Mulheres dos Movimentos do Cariri (CE)
Marcha das Vadias Recife (PE)
Marcha Mundial de Mulheres – Núcleo Soledad Barret (PE)
Movimento Faça Amor e não faça chapinha (PE)
Movimento Mulheres em Luta – MML (PE)
Ou vai ou Racha (PE)
Plenária de Mulheres do SAJU – Direito USP (SP)
Secretaria Mais Mulher – SASAC (Sociedade de Apoio Sócio Ambientalista e Cultural) (SE)
Secretarias de Mulheres do PSTU (PE)
Setorial de Mulheres do Movimento Zoada (PE)
SOS Corpo (PE)

Feminismo e Transfeminismo: Contribuições para uma aliança antisexista

CARTAZ-TESTE-final2

Os vários feminismos são importantes para as perspectivas transfeministas e vice versa. Desta forma, chamamos à todas para um debate aberto com finalidade de discutir algumas visões sobre o feminismo e as suas relações e com o transfeminismo.

O objetivo é construir e propagar a aliança entre as afeminadas sob uma perspectiva descolonial, enegrecida, solidária e autônoma.

A atividade está sendo organizada pela ARCA – Articulação Combativa Antisexista e será realizada no SINTUFEPE/UFPE – Sindicato dos Ténicos das Universidades Federais de Pernambuco, que fica na Av. Acadêmico Helio Ramos, em frente a parada de ônibus dos fundos do CFCH

Mais informações na página do evento do facebook:
https://www.facebook.com/events/1443796322579752